Convivo e convivi com muita feminista,
também tive a minha passagem pelo ativismo feminista. Esta é a
minha apresentação curricular. Nunca passei por um episódio de
violência doméstica, não fui violada, ninguém me tentou impingir
a burka ou outra roupa “mais recatada e conservadora”. Já me
senti discriminada por ser mulher em mais do que um contexto. Esta é
a minha apresentação real. Mas continuando a provocação da
pergunta, pode uma portuguesa que não é ativista ser feminista?
Aparentemente não...
Já assisti a várias situações que
me levam a esta conclusão. Como tanta parte do ativismo em Portugal,
os grupos formados tornaram-se grupos entediados e entediantes de
burguesxs de todos os géneros que vivem e partlham um qualquer mundo
muito próprio, onde é preciso alguns rituais iniciáticos para se
poder dizer: Eu faço parte e nós somos as mais puras e mais
verdadeiras feministas! Sendo o primeiro requisito óbvio o curso
superior. Não se querem cá gajas que são donas do seu próprio
café, cabeleireiro ou loja, e têm o 9º ano ou inferior. A
linguagem tem que ser cuidada e com citações académicas a cada 3
frases, como se as pessoas fossem incapazes de ter ideias próprias.
Mas para mim a melhor parte de dar à
língua é a Gestapo gramatical. Aparentemente ser feminista, passou
a ser definido por correções ortográficas no facebook, twitter e
afins. Escreves sem x? Malandra. Duas frases no masculino? Sua bruxa!
Desconheces quais as vagas do feminismo? Herege!!!!!! Uma verdadeira
caça às bruxas cibernautas.
E que interessa isto à mulher que leva
porrada do marido porque ele suspeita que ela sorriu para outro? Ou a
rapariga que leva uma chapada da namorada cada vez que há uma
discussão mais acesa? Ou a jovem que trabalha 10 horas por dia numa
loja porque não foi para a faculdade e esta foi o único sitio que a
aceitou? Ou a quarentona que perdeu o seu negócio de unhas de gel e
agora nem para lavar escadas a chamam? Pois, como dizia uma amiga
minha à uns dias: “Estou muito preocupada com o roubo que está a
ser feito à classe média portuguesa.” Pois a classe média...
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